segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA DO RECÉM-NASCIDO



Antes de entrarmos no conteúdo específico é bom lembrar a importância abissal que o surfactante tem para a nossa sobrevivência.
O surfactante ou tensoativo é um agente poderoso na prevenção de atelectasia.  Ele é uma mistura de moléculas lipoproteicas, produzidas pelas células secretoras do epitélio alveolar, capaz de alterar as propriedades superficiais e interfaciais de um líquido na luz dos alvéolos, evitando assim o colabamento dos alvéolos na respiração. Em resumo as principais finalidades do surfactante são:
- Diminuição da tensão superficial na interface de ar-liquido alveolar
- Manter a estabilidade alveolar, impedindo seu colapso no final da expiração.

A síndrome da angustia respiratória do RN (SARRN) ou Doença da membrana hialina (DMH) como assim era chamada, é uma das causas mais freqüentes de sintomatologia respiratória e de óbito em recém nascidos prematuros.
Esse distúrbio é decorrente da produção insuficiente ou inativação de surfactante pulmonar,  e má adaptação da vida extra-uterina.

INCIDÊNCIA
-  50%  entre idade gestacional de 26 à 28 semanas (prematuro extremo)
-  25% entre 30 e 31 semanas (prematuro moderado)
- Predisposição em mães diabéticas

PATOLOGIA
Devido a diminuição ou inativação do surfactante ocorre um aumento da interface ar - liquido, causando um colabamento alveolar e consequentemente um colapso alveolar e diminuição da complacência pulmonar (distensão).
Na SARRN ocorre a diminuição da oxigenação, o que leva a uma vasodilatação e uma maior circulação pulmonar.
Com o aumento da pressão nas artérias pulmonares o sangue começa a passar do átrio direito para o esquerdo através do forame oval patente, que é uma conexão normal entre os átrios no feto, condição que se persistir sai de sua normalidade e acaba a piorar a hipoxemia.
A hipoxemia e hipoperfusão pulmonar, geram lesão do epitélio alveola, aumenta a permeabilidade dos capilares, com edema intersticial e trunsudação do plasma ou sangue para os espaços alveolares.
O aspecto na autópsia de um pulmão com DMH varia. Os pulmões apresentam geralmente expansão insuficiente e presença de áreas atelectásicas. Os alvéolos apresentam muitas vezes um líquido de alto teor protéico, lembrando o aspecto de uma membrana hialina. O surfactante também está diminuído.


QUADRO CLÍNICO
O lactente apresenta dentro de poucas horas após o nascimento:
- Insuficiência respiratória progressiva
- Apnéia
- Dispnéia
- Taquipnéia
- Hipoxemia
- Hipercapnia
- Hipofluxo de sangue na periferia, cianose
- Batimento de asa de nariz
-  Retração subdiafragmática
-  Pode apresentar secreção e hipotermia

TRATAMENTO
De um modo geral o tratamento intensivo tem por finalidade melhorar a ventilação, conservando uma oxigenação adequada, assegurar a manutenção da temperatura, atender as necessidades metabólicas e manter a função do aparelho circulatório.

A terapêutica consiste em:
- Cuidados gerais
- Manutenção térmica (evitar hipotermia)
- Manutenção calórica
- Manutenção hídrica ( a oferta exacerbada de líquidos contribui para a persistência do forame oval).
- Evitar infecções
- Ventilação Mecânia
- CPAP (pressão positiva continua em vias aéreas)
- Terapia com surfactante exógeno
- Oxigenoterapia
- Suporte hemodinâmico

A fisioterapia visa à drenagem dos brônquios, com o objetivo de desobstruir as vias aéreas e arejar o pulmão atelectásico (Finer e Boyd, 1978). O tratamento é essencialmente sintomático, o RN recebe oxigênio dentro da incubadora.
Deve-se evitar a queda de temperatura corporal, como em qualquer prematuro, já que ela aumentaria as necessidades em relação ao oxigênio.
O uso dos respiradores nesses indivíduos apesar de essenciais para sua sobrevivência são contestáveis. Alguns prematuros sobreviventes apresentam os efeitos perniciosos das elevadas concentrações de oxigênio e do baixo teor de nitrogênio no ar inspirado, da intubação endotraqual e da intubação com pressão positiva. No prematuro, a administração de elevadas concentrações de oxigênio pode levar a fibroplasia retrolental, provocando às vezes cegueira permanente.
Admite-se que a administração precoce da pressão positiva contínua sobre as vias aéreas exerce função protetora sobre os pulmões de muitos recém nascidos. Segundo Kronskop e cols. (1975), ela é capz de prevenir a inativação do surfactante, nos prematuros com peso de nascimento de 1.500 gramas ou mais.


COMPLICAÇÕES
As principais complicações em curto prazo são pneumotórax ( acúmulo de gás na cavidade pleural), persistência do canal artéria, hemorragia intraventricular (causada pelaVM) e a longo prazo a broncodisplasia pulmonar.
A displasia broncopulmonar é uma variedade de pneumonia obstrutiva crônica, descrita em lactentes que receberam tratamento da SARRN.
Ela manifesta-se por broncoespasmo, cianose, pneumonite, bronquite, além da eventual presença de atelectasias, sequestração focal de ar e fibrose.



SHEPHERD, Roberta. Fisioterapia em Pediatria - 3º. Ed. - São Paulo: Ed. Santos Livraria, 2006. p. 110 - 144

Um comentário:

  1. Obrigada, me ajudou muito na pesquisa que estou fazendo, o melhor é que explicou bem a respeito do SURFACTANTE.

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